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O Psychobilly de Curitiba na visão de Márcio Tadeu

Terapia com SequelaEm vias de lançar seu primeiro, e muito esperado, livro intitulado Terapia com Sequela, Marcio Tadeu nos concede a honra de estrear o site com uma entrevista muito bacana.

Além de contar com uma ilustração de capa do saudoso Magoo, o livro é um relato fascinante sobre a cena Psychobilly de Curitiba e do Brasil.

Então chega de enrolação e simbóra saber um pouco mais sobre o livro.

Antes de tudo, como começou sua trajetória musical?
Comecei a curtir muita música em casa, já com meus pais. Bem piazinho eu tocava bateria no sofá da minha mãe, usando cabides como baquetas e lista telefônica como prato. Quando eu consegui rascunhar entrar numa banda eu conheci o Vladi, por volta de 17 anos, e formamos nossa primeira banda, Os Escroques. Depois formamos Os Cervejas e muita história rolou, Kozmic Gorillas, King’s Tone e muitas outras, além de participações em outras tantas bandas. Diferente do meu inicio, hoje eu toco muito mais guitarra em bandas e sou acionado pra isso do que bateria. Mas é isso aí.

Fale um pouco sobre o início do Psychobilly em Curitiba.
O Psychobilly em Curitiba iniciou com os Missionários. Eles tinham uma proposta mais punk no começo, depois partiram pra um som que remetia a horror e tal. Enfim, em pouco tempo chegaram ao Psychobilly e o fizeram com uma identidade fortíssima. Depois o Estúpido Estupro está entre os Missionários e Os Cervejas nessa genealogia. Depois disso veio uma enxurrada, o Rockabilly já pegava e começaram as primeiras misturas de formações. Tudo isso entre 1986 – nascimento dos Missionários – até 1990, ano que os cervejas começaram. Os lugares pra tocar na época eram poucos. Se hoje acham que não rola respeito por parte de alguns donos de bares e promotores, ainda bem que não viveram aquela época. Com os cervejas ainda conseguimos tocar em alguns festivais que nos deram notoriedade e vários shows em diferentes cidades e eventos. Foi uma época bem legal, isso já é por volta de 1994, e os festivais principais que nós tocamos foram o 2º Juntatribo e o BHrif.

Era muito difícil para novas bandas no tempo dOs Cervejas?
Era um pouco difícil a barreira da comunicação, por um lado. Por outro a precariedade dos instrumentos e periféricos em geral deixava tudo com um ar meio caído muitas vezes. Com o tempo e ensaio tudo muda. A internet veio trazer um tempo completamente diferente nesse sentido.

Como foi a aceitação do público pra um estilo, e que de certa forma ainda é, estranho para a maioria?
Os Cervejas volta e meia eram chamados de banda de hardcore (hahahahahahah). Demos motivos pra isso também. No começo era uma pedra bruta, mas que mirava no som que faríamos depois e de nossas outras bandas. Bem no começo, por essa semelhança com o hardcore, acho, tocamos bastante em shows que tinham bandas de punk, hardcore e até metal. Quando tocamos para o público que ia aos shows dos Missionários e do Estúpido, aí sim achamos que estávamos inseridos no Psycho da cidade. Depois desse primeiro momento, Os Cervejas sempre foi uma banda muito bem recebida nos shows e com a galera local. Alguns são memoráveis: a primeira vez em Londrina, em São Paulo, Belo Horizonte, enfim. Hoje continuamos sendo bem recebidos, apesar de só estarmos tocando em Curitiba, o que é massa demais.

Fale um pouco sobre o livro e o qual a reação que você espera dos leitores?
Desde que eu tive uma conversa com meu amigo Bruno Hoffmann, e tive o impulso de escrevê-lo, até esses dias (que o livro está pra sair), foram oito anos de pesquisa, mudanças de linguagem, reescritas sem fim, revisões, sonzeiras, perdas e ganhos.

Os principais motivos que me levaram a escrever foram a conservação da memória, o mapeamento de um sistema dentro da cidade. Quanto ao que eu espero de reação das pessoas, eu já mirava um público ideal desde o começo. Há os interessados, e muitos estão em Curitiba mesmo, então foi quase uma coisa para nós da cidade, mas sei que alguns que moram em outros centros ou até outros países vão querer um exemplar. Então acho que vai rolar o livro ir se pagando enquanto houver interesse e curtir a realização essa obra, que foi muito importante para mim.

Além do contexto geral e do Psychobilly em si, sou apaixonado pela bizarria e blasfêmias que estão no som. É uma homenagem ao psychobilly que me permitiu passar lguns dos momentos mais bacanas da minha vida e  conhecer pessoas mais bacanas ainda.